sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Um carinho todo especial aos meus praticantes autistas da Equpterapia!





Eu, uma criança autista
Para E. 7 anos
Mônica Accioly, 2000

Sou uma criança autista.
Autismo... O que é autismo?
É doença ou é língua estrangeira?
É feito catapora, sarampo, estrabismo?

Autismo é difícil de explicar,
Não é doença nem "pega" no ar.
Ser autista é ter um jeito diferente.
Às vezes, sempre quieto e sorridente,
Às vezes, levado, correndo, até fugindo...
Ou então chorando: aos berros!

Quando bebê posso parar
Horas e horas olhando
Um pontinho na parede.
Me balançar, me fixar
Num raio de sol
Ou num beija-flor.
Não vejo mais nada em volta,
Nem o seu carinho
Nem o seu amor.

Preciso aprender com você.
Preciso ver nos seus olhos
Que o mundo
É muito mais que esse
tantinho do mundo que
eu posso ver

Posso ser gritão, chorão e
dar o maior trabalhão!
Não agüento tanta
confusão..!
Os ruídos, as roupas, a luz
Tudo me dá aflição!

Mas gosto se a mamãe
canta prá mim.
Sua voz mansa e doce,
Sua presença suave
Me acalmam e ajudam
a entender
Que esse mundo talvez não
seja
Tão ruim de se viver...

Falar é difícil prá mim.
Olhar nos olhos também.
E ninguém me entende
E eu não entendo ninguém
E cresce um nervoso imenso
Uma angústia sem fim
Uma agonia horrível dentro
de mim.

Me debate ou puxo os
cabelos
(não sei se os meus ou os
seus)
Mordo ou pulo até cansar
Ou encontrar alguém
Que com muito carinho me
fale
Das alegrias de amar.

Ah, posso ser muito
"arrumadinho"
Gostar de cada coisa em seu
lugar
Ir sempre pelo mesmo
caminho,
Sentar nos mesmos lugares,
Sentir os mesmos sabores.

Se você mudar o meu dia...
Pode sepreparar:
Vou me apavorar!
Neste mundo cheio de
mistérios
Preciso de tempo prá me
acostumar.

As pessoas me atraem e
apavoram.
São tão interessantes e tão
distantes...
Como será que se entendem?
Imagino bruxaria, mágica,
telepatia...
Fazem sons engraçados
Se tento imitar não consigo.
Às vezes, me deixam aflito,
Não sei se choro ou se rio.

Me deixam tonto quando fazem
estalinhos.
São "beijinhos"
Seja lá o que isso for...
Sacodem as mãos em
"tchauzinho",
Que estranho, parecem até
macaquinhos!

É... vou demorar a entender
Este mundo tão cheio de
regras.
Não faça isso! Faça aquilo!
Balance as mãos! Dê
estalinhos!

Mas se encontro quem me
compreenda
E ajude com enorme
paciência
Vou crescendo mais feliz,
mais calmo.
O mundo me assusta menos,
As palavras soam mais claras.
Já posso mostrar quem sou.

Sou um anjo-menino
Sem maldade, sem rancor.
Não entendo ódio, inveja,
deboche,
Ironia, trapaça ou mentira.
Mas posso conhecer o amor.

Se você for quem eu
espero e preciso
Serei alguém que você
nunca imaginou!

Para refletir!


“A vida não é um corredor reto e tranqüilo que
nós percorremos e sem empecilhos,
mas um labirinto de passagens,
pelas quais nós devemos procurar nosso
caminho, perdidos e confusos, de vez em quando
presos em um beco sem saída.
Porém, se tivermos fé,
uma porta sempre será aberta para nós,
não talves aquela sobre a qual
nós mesmos nunca pensamos,
mas aquela que definitivamente se revelará boa para nós!”

A.J. Cronin

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O machucado do Cascão


O Cebolinha estava com uma maleta de primeiros socorros, então ele encontrou o amigo Cascão que estava machucado depois de ter jogado bola.
Então ele foi falar com o amigo para ver o que tinha acontecido. E o Cascão respondeu:
-“Eu estava jogando bola e levei um chute, caí e machuquei meu joelho!”
E o Cebolinha respondeu:
-“Não se preocupe, pois eu tenho uma maletinha de primeiros socorros!”
Então ele fez um curativo e o amigo gritou “aíííííí”, porque doeu muito.
E o Cebolinha fugiu dele, pois seu choro estava muito forte e alto.
                                             
                                               FIM!


Esse texto foi criado por uma praticante da Equoterapia de Santo Ângelo (CMESAC), que tem 11 anos, com Paralisia Cerebral.
A criação desse texto foi proposta, por mim e pela equipe, a partir da necessidade que percebemos que a mesma tem na produção do texto e em sua ortografia. A partir do texto pudemos constatar que a criatividade  da praticante é enorme, e que tem sentimentos de uma garotinha que está crescendo e conhecendo o mundo a sua volta!
Sabemos que por alguns inpecilhos, ela não tem como acompanhar o ritmo das demais crianças de sua idade, mas dentro do seu ritmo e de suas potencialidades vem demonstrando um enorme crescimento físico e intelectual, ao qual vem surpreendendo a todos que convivem com ela. Uma criança muito amada e querida por todos. Consegue expressar suas alegrias, suas fragilidades, suas potencialidades e seus sofrimentos às pessoas que confia, seja por conversas, brincadeiras e até por "cagaços" direcionados à algumas pessoas durante os atendimentos.
Trabalhar na Equoterapia é muito gratificante para mim, pois posso conhecer um pouco mais sobre as diversas realidades que pais vivem e, de alguma forma, poder contribuir no desenvolvimento integral destas crianças que ao meu trabalho forem confiadas.
Ofereço meu amor e minha dedicação aos meus três praticantes, tendo em mente, sempre, que os amo muito e que os tenho sempre em meus pensamentos e orações. 
Quando sento para planejar as atividades que irei propor nas quartas-feiras penso nas capacidades individuais que cada um possui, sempre acreditando que eles podem muito mais, acreditando nas suas potencialidades. 
Agradeço a Deus pela oportunidade de estar sempre aprendendo mais com estas crianças e suas famílias. De antemão, posso dizer a todos que estar na Equoterapia é muito gratificante para mim!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010